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A EMEB do Patrono da Educação Brasileira: Paulo Freire

  • Foto do escritor: Matheus Fernandes
    Matheus Fernandes
  • 30 de jul. de 2019
  • 3 min de leitura

Paulo Freire em sua casa. Disponível em: Wikipedia


Dando continuidade ao projeto sobre as escolas de Franca, desta vez jogo luz sobre um dos maiores nomes da educação de todos os tempos. A unidade escolar escolhida encontra-se na Zona Sul de Franca e traz à tona a história da Escola Municipal Professor Paulo Freire, localizada à Rua Joaquim Emerenciano de Souza, no Jardim Aviação.


Trata-se de um colégio que surgiu das reivindicações dos moradores do bairro, justamente por sua distância do Centro e, principalmente, das outras escolas da redondeza. Oficialmente, a escola foi criada pela Lei Ordinária n°. 4.887, de 02 de fevereiro de 1997, sob a gestão de Gilmar Dominici (PT).


Todavia, só teria iniciado suas atividades em janeiro de 1999, uma vez que a inauguração propriamente dita teria acontecido no dia 17 de abril — que por acaso é o dia do aniversário deste colunista que vos escreve todos os domingos. Em sua estrutura, o colégio admite alunos que vão desde a Educação Infantil até o 5º ano do Ensino Fundamental, o que na prática significa atender alunos desde seu ingresso à vida escolar até os 10/11 anos de idade.


A EMEB Professor Paulo Freire possui um espaço físico de onze salas de aula no período da manhã, além de uma sala destinada à recuperação paralela dos alunos. No período da tarde, mantém a funcionalidade das onze salas destinadas aos alunos do bairro, assim como também mantém a sala de recuperação paralela. Hoje, o colégio atende majoritariamente moradores do Jardim Aviação, Jardim Aeroporto I, III e adjacências.


Interior da EMEB Paulo Freire. In: Revista das Escolas de Franca, 2017.

O que torna curioso e espetacular tratar do colégio é justamente a escolha do Patrono. Afinal, estamos falando de um dos intelectuais mais importantes do século XX. Nascido em 1921, no Recife, Paulo Freire formou-se em Direito. Todavia, não seguiu carreira como jurista, tendo optado pela docência.


Seus estudos e proposições pedagógicas foram construídos mediante a análise do papel elitista da educação brasileira. Freire se debruçou sobre o que poucos contemporâneos se interessaram: os alunos. Sua observação e constatação apresentou uma mudança paradigmática na formação educacional, tendo em vista que é um dos primeiros pedagogos a levar em consideração o acúmulo prévio dos alunos, bem como suas interações e vivências políticas e culturais. Para ele, educar não se resumia a um processo de preenchimento das páginas em branco na cabeça dos alunos. Mesmo porque o grande problema da educação era justamente o fato dos alunos não serem páginas em branco — visto que carregam visões de mundo, de sociedade e, sobretudo, de cultura.


Propôs como método para resolver essa questão, uma linha onde se trata-se da pedagogia como um exercício de dupla via de conhecimento, isto é, onde os educandos aprendem com os educadores e os educadores aprendem com os educandos — o autor prefere o termo educando a aluno, pois aluno deriva de alumnus, que significa sem luz. Seria, portanto, o resultado dessa dialética que permitiria desenvolver e estimular a formação educacional sob outro prisma — é preciso salientar que existiam justificativas "científicas" à época que tratavam dos analfabetos como irrecuperáveis do ponto de vista do aprendizado.


Paulo Freire não apenas negou essa corrente, como provou que estava errada. Demonstrou ser possível educar nos mais longínquos cantos desse país, como fez em Angicos, no interior do Rio Grande do Norte, e quando estava à frente da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Sua forma de ensinar foi tão revolucionária que deu aulas nos Estados Unidos, Suiça e em diversos países do continente Africano.


Seu trabalho foi referendado pelos vinte e oito títulos de Doutor Honoris Causa, entregues pelas mais renomadas universidades do planeta. Teve suas obras traduzidas para mais de vinte idiomas diferentes e ainda conseguiu tempo para criar seus cinco filhos.


Paulo Freire é mais um dos brasileiros que devemos nos orgulhar. Afinal, não à toa tornou-se o Patrono da Educação Brasileira. Hoje, a Finlândia — modelo de educação bem-sucedida e referência no mundo todo — é quem se utiliza de suas práticas para seguir desenvolvendo e educando gerações. Há quem diga que sua práticas pedagógicas estimulam "doutrinação", algo que restringe o campo de reflexão e condiciona mentalidades. À essa altura Freire, se pudesse, nos diria: "Eles não entenderam nada. Se tratava de emancipação e autonomia."


Matheus Fernandes é Historiador, Representante de Franca no Sistema Estadual de Museus de São Paulo e Colunista do Jornal Diário Verdade

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