Em busca do nosso Eldorado
- Matheus Fernandes
- 30 de jul. de 2019
- 3 min de leitura

Houve um tempo em que essa cidade foi considerada um oásis para os garimpeiros. Mas, antes disso, tudo remete ao longínquo século XVII, onde a Coroa Portuguesa se viu obrigada a se lançar no interior do Brasil em busca de metais e pedras preciosas. No intento de alcançar o mesmo sucesso que os espanhóis obtiveram nas colônias da América Latina, os portugueses iniciaram as atividades de prospecção em todo o interior.
Como é sabido, o Estado de Minas Gerais foi o mais exitoso nesse sentido. Não à toa, seu nome é puro e simples reflexo desse momento. Ele se refere às Minas Gerais, localizadas no território e responsáveis pela maior parcela de extração de ouro, pedras preciosas e outros minérios. O que, de certa forma, acabou por dar maior sobrevida à Portugal, haja vista a enorme dificuldade financeira que vinha passando.
Na nossa região, o primeiro registro de diamante encontrado, como demonstra Conrado, em 1989, remete ao ano de 1835 — onde, no município de Claraval, antigo Garimpo das Canoas, foi encontrado um diamante de 12 ct (quilates). Posteriormente à 1835, o diamante passou a ser encontrado com maior facilidade, o que acabou por estimular o assentamento de lapidários na região. O maior diamante encontrado nessa seção do Estado até hoje, data de 1944. Foi encontrado pelos garimpeiros Antônio e Altino de Barros e pesava 72,25 ct (quilates), o equivalente a 14,45 gramas.
Ou seja, a atividade que se iniciou por volta do início do século XIX, rapidamente se intensificou no século XX e passou a gerar grandes receitas. Segundo o estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas, em 1990, a produção de diamantes variava entre 1.000 e 5.000 ct/ano (quilates/ano), dispondo apenas de um total de 150 garimpeiros para extração. E, para além do baixíssimo custo de extração da gema, observa-se a ênfase que o estudo dá à excelente qualidade dos pequenos diamantes.
No entanto, apesar da constatação do enorme potencial diamantífero de nossa região, conforme demonstra o relatório do IPT de 1990, tais atividades foram suspensas. Isto é, embora tenha existido uma janela histórica desfavorável à extração — que diz respeito ao aumento de extração de diamantes no mundo e, por conta disso, da queda do valor do produto —, o potencial permanece lá, inalterado.
Assim como no século XIX as atividades mineradoras propiciaram um enorme estímulo econômico no nordeste paulista e no sul de minas, o século XXI mostra-se receptivo ao retorno de tal atividade econômica — com regulamentação e organização, evidentemente. Levando em consideração, que nossa região carece da diversificação de práticas produtivas, o diamante pode despontar como uma delas. Isto é, por sua dimensão territorial e por sua capacidade mineradora, o estímulo da prospecção e extração poderia acarretar no aumento da oferta de trabalho da região e no consequente aumento da arrecadação dos municípios em que essas atividades são desenvolvidas.
Portanto, é hora de se fazer valer da potencialidade de nossa terra. Sem perder de vista o respeito ao meio ambiente, salvaguardando a fauna e a flora, assim como a qualidade dos recursos hídricos. É tempo de estimularmos as pesquisas científicas e colocarmos Franca no século XXI, com tudo aquilo que temos direito. Afinal, até Visconde de Taunay, em sua visita à Franca em 1865, disse que a vocação e a saída para a crise era o garimpo.
Matheus Fernandes é Historiador, Representante de Franca no Sistema Estadual de Museus de São Paulo e Colunista do Jornal Diário Verdade
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