Aeroporto: da Fazenda à Urbanização
- Matheus Fernandes
- 19 de fev. de 2019
- 3 min de leitura

É durante a gestão de Maurício Sandoval Ribeiro frente à Prefeitura, que o Bairro Jd. Aeroporto é loteado e construído. Dos 147 alqueires, foram aproveitados 363.000 m de início — espaço que viria a ser ampliado com a construção da continuidade do bairro, isto é, do Jd. Aeroporto II, III, IV. Quanto à área em si, toda a extensão que daria origem ao bairro e seus desdobramentos, foi comprada em 1978, por Sebastião Pirajá, Fernando Almeida e César Pirajá Filho, pelo montante de Cr$ 3.000.000,00 (três milhões de cruzeiros) — à época, antes da compra, tratava-se de uma zona com capacidade produtiva de 103 mil pés de café.
As terras que outrora foram de Manoel Jacintho Netto e, posteriormente, dos futuros moradores do bairro, levavam o nome de ‘Fazenda Maria do Carmo’ antes de se transformar em Jd. Aeroporto I — em uma clara homenagem a sua proprietária, uma das herdeiras. No entanto, todo esse processo só tornou-se possível por meio do Decreto nº 3937, assinado em 13 de junho de 1978 — aprovando o Plano de Urbanização para fins residenciais. A parte interessante da ‘velocidade’ na aprovação do plano, é justamente a situação em que se encontrava a Zona Sul de Fraca no período — isto é, com o desenvolvimento e a expansão do parque industrial calçadista, a demanda por trabalhadores crescia e junto dela a necessidade de alocar toda essa população.

Se analisarmos com cautela, perceberemos que a urbanização já havia chegado nas proximidades do Aeroporto. Coisa que só jogava mais água no moinho da estruturação do bairro — tanto é verdade, que só o Jd. Aeroporto I não foi suficiente e, em novembro do mesmo ano, foi aprovado um plano de urbanização para o Prolongamento do Jd. Aeroporto I por meio do uso das terras da fazenda de Eugênio Liporoni. Seus primeiros limites, compreendiam o espaço situado hoje em dia entre as Avenidas Carlos Roberto Haddad e Magistrado Renato Salles de Abreu, com a R. Alípio Rezende de Araújo e “B”.

As regras para a ocupação, a princípio, eram bastante rígidas: os lotes só poderiam receber as edificações após o nivelamento e alinhamento; a ocupação máxima dos terrenos não poderia exceder os 70% da área total; com exceção das quadras 20 e 21, não poderia haver a existência de lotes comerciais; sem contar a impossibilidade de se desmembrar qualquer porção dos lotes. Chegou-se até a cogitar uma contrapartida que tinha como objetivo estimular a arborização do bairro — isto é, a cada lote demarcado, uma muda deveria ser plantada. Contudo, após a venda de algumas unidades e a chegada desses moradores, toda essa rigidez, pouco a pouco, foi se flexibilizando.
Além disso foi inserido dentro do projeto de loteamento, um complemento: para que o bairro estivesse suficientemente munido de infraestrutura, era necessário reservar espaço para uma ‘área institucional’. Foi assim com o terreno da Associação Desportiva da PM, com a Escola Estadual Professor Evaristo Fabrício e com a Escola Municipal e Estadual Professor Sérgio Leça Teixeira. O mesmo aconteceria com a Creche do Bom Pastor, com a Pastoral do Menor e com o Centro Comunitário do bairro.
A essa altura, as pessoas devem estar se perguntando: 'E o nome do bairro, de onde vem?' Pois bem! O bairro leva o nome de Aeroporto justamente por sua proximidade com o Aeroporto “Tenente Lund Presotto” — que teve sua construção iniciada em 1976 e fora inaugurado em fevereiro de 1977. Contudo, vale dizer, não é o mesmo Aeroporto que foi sede do Aeroclube de Franca, afinal, esse ficava lá no Distrito Industrial.
Matheus Fernandes é Historiador, Representante de Franca no Sistema Estadual de Museus de São Paulo e Colunista do Jornal Diário Verdade
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