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O planejamento acertado da Vila Aparecida

  • Foto do escritor: Matheus Fernandes
    Matheus Fernandes
  • 12 de fev. de 2019
  • 3 min de leitura

Propaganda da venda de terrenos na Vila Aparecida, publicada em 1921 no jornal 'O Commercial' - Reprodução: Arquivo do Museu Histórico Municipal 'José Chiachiri'

Como já foi abordado aqui anteriormente, a década de 1920 é um período muito importante para a organização urbana de Franca. Isto pois é justamente nesse momento que irão surgir 4 novos loteamentos importantes na cidade: Vila Chico Júlio, Vila Nicácio, Vila Santos Dumont e, finalmente, a Vila Aparecida. Os motivos para o surgimento dos três primeiros, respectivamente, também já foi tratado — deve-se, em grande parte, à chegada da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e suas consequências. Mas, o que propriamente especificaria as condições necessárias para o surgimento da Vila Aparecida?


Conhecida por Colina Aprazível, o verdadeiro descampado onde surgiria a Vila Aparecida proporcionava uma rara e belíssima visão da cidade. Segundo Chafik Felipe, o acerto no planejamento do bairro, fez dele um dos maiores símbolos do progresso e desenvolvimento. A rapidez com que os comércios do bairro obtiveram sucesso, revelava também uma certa suscetibilidade ao aparecimento dos mais diversos empreendimentos.

Com a planta aprovada pela Prefeitura Municipal, a Vila Aparecida transformou-se no loteamento de grande relevância para a cidade — o fato intrigante é que havia um interesse grande por parte do executivo municipal em ocupar aquela área, explicado pela possibilidade de compra de propriedades em prestações mensais sem juros.


A inauguração do bairro, data, de acordo com o 'jornal Cidade da Franca', de 15 de setembro de 1924. Data em que ocorre uma missa, rezada pelo Bispo Diocesano D. Alberto Gonçalves, na Capela da Vila e também a solenidade de entrega das ruas à Câmara Municipal. O período que sucede a entrega do bairro, será marcado por um momento de grande empenho em adequação da infraestrutura urbana à situação em que se encontrava a Vila Aparecida. A construção da Avenida Brasil, também em 1924, apontava para essa necessidade. Isto é, era preciso conectar as fazendas da 'Palestina', 'Casa Seca' e das 'Covas' — todos bairros já consolidados ou em fase de consolidação — ao novo loteamento.

E, em que pese a justiça histórica, é imprescindível falar sobre Felix Ballerini — um italiano, formado em engenharia na Sicília, que chega ao Brasil em 1907 e muda-se para Franca em 1910. Seus esforços nessa região foram consideráveis, assim como mostra Chafik Felipe: 'tendo fundado a Empresa Construtora de Franca, com a finalidade de proporcionar aquisição da casa própria. [...] Foi ele o primeiro a realizar o sistema de loteamento denominado Vila Aparecida, onde demarcou neste lugar, algo próximo de 1.800 lotes em 1923. '


Conforme dito acima, era Ballerini um dos grandes responsáveis pela facilitação na aquisição de um lote na Vila Aparecida — a título de documentação histórica, os lotes eram vendidos pela razão de 200 mil réis e as amortizações eram feitas a longo prazo, dentro de 50 ou mais anos, tudo por intermédio da Empresa Construtora Francana. E, essa facilitação ia além da ocupação para uso de habitação, tendo também horizontes com a plantação do café — além do ramo da engenharia civil e arquitetura, Ballerini tornou-se um grande cafeicultor na região, estimulando a produção e elevando sempre que possível Franca à condição de cidade produtora do melhor café do nordeste paulista.


Hoje, o bairro encontra-se no coração da cidade. Situado entre a 'ferradura' da Av. Hélio Palermo e da Av. Alonso y Alonso, também é bem próximo da Av. Presidente Vargas e da atual sede da Prefeitura Municipal. O que continua a possibilitar aos moradores um clima saudável e com grandes facilidades de deslocamento, assim como era naquele longínquo 1923.



Matheus Fernandes é Historiador, Representante de Franca no Sistema Estadual de Museus de São Paulo e Colunista do Jornal Diário Verdade

 
 
 

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