Os Bagres
- Matheus Fernandes
- 22 de jan. de 2019
- 2 min de leitura

Em tempos de 'Pedroca' à frente do basquete no I.E.E.T.C., já eram percebidas as dificuldades para manter o time treinando nas dependências do colégio. Os treinos tinham ganhado maior periodicidade e demandavam uma estrutura mais arrojada, ao mesmo tempo, a realização dos jogos no ginásio do Instituto tornaram-se inviáveis. O crescimento da cidade e dos apaixonados pelo basquete, nesse momento, exigiam um lugar que comportasse toda a torcida e estivesse à altura do que Franca se transformara.
É aos 4 de setembro de 1953, portanto, fundado o Clube dos Bagres — uma associação de pais de alunos e antigos jogadores que se instalou na R. General Carneiro, próxima à R. Voluntários da Franca. Trilhando o caminho do basquete e, utilizando-se disso para ampliar as modalidades, as instalações do clube foram crescendo. Até os Bagres encerrarem sua relação com o basquete masculino em 1971 — convenhamos, com um desempenho é inquestionável de 294 jogos e 225 vitórias —, as dependências físicas foram rapidamente construídas e deram espaço a uma enorme área de lazer.
Em concomitância, inaugurava-se outra modalidade no Clube dos Bagres — a mesma que incendiou por muito tempo a AEC. Agora, além do esporte, havia ali um catalisador cultural. Com um amplo parque de lazer, também sediou shows de Caetano Veloso, Toquinho e tantos outros nomes da música brasileira. Estima-se que em fins da década de 70, o Clube já contava com mais de 3 mil associados — época em que se constrói o Bagres Country Club, um terreno com pouco mais de 27 mil metros quadrados com diversas áreas de esporte e lazer.

À essa altura, o Clube dos Bagres já fazia parte do circuito turístico da cidade — palco, sobretudo da elite e da classe média. Clima que perduraria por toda a década de 80, até meados dos 90. Nesse momento, em função das obras para construção da Avenida Hélio Palermo, o Clube tem parte de sua sede ao lado do córrego dos bagres desapropriada. O cenário piora com a revelação das dívidas e o início das cobranças relativas à água. Hoje, cada vez mais, as dependências demandam reformas e não se planeja atendê-las. Decerto, os francanos adorariam poder retornar à antiga casa e desfrutar de um bom jogo ou dia na piscina. Teremos esse fim? Já ficamos sem os bagres faz tempo, pelo visto, ficaremos sem o clube também.
Matheus Fernandes é Historiador, Representante de Franca no Sistema Estadual de Museus de São Paulo e Colunista do Jornal Diário Verdade
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