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Franca aos olhos de Taunay

  • Foto do escritor: Matheus Fernandes
    Matheus Fernandes
  • 30 de jul. de 2019
  • 2 min de leitura

Retrato do autor, 1868. In: Marcha das Forças: expedição de Matto Grosso, do Rio de Janeiro ao Coxim (1865-1866), Ed. Companhia Melhoramentos de São Paulo, Rio de Janeiro, 1928. Edição ilustrada com desenhos do autor.

O ano é 1865: Brasil, Argentina e Uruguai estão em conflito com o Paraguai de Solano López. Mas, apesar das tensões e baixas em função da contenda, o Brasil também se lançava às entranhas de seu território em busca de mais conhecimento do interior.


Em uma expedição do Rio de Janeiro à Coxim, no Mato Grosso, o filho do Barão de Taunay e engenheiro militar, Visconde de Taunay, teria sido responsável pela documentação do translado, bem como dos registros de tudo e todos que cruzassem seu caminho. O resultado da expedição, assim como a expedição em si, foram financiados pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e tiveram como produto o livro "Marcha das Forças".


A diligência em busca dos potenciais naturais brasileiros, sobretudo àqueles localizados no Centro-Oeste do país, aconteceu entre os anos de 1865 e 1866. Não obstante, é graças à Taunay que temos detalhes do leito natural dos rios, da vegetação e de boa parte da população nativa de cada local por onde passou. Todavia, a excursão de Taunay nos é particularmente especial, afinal, em determinado momento do trajeto ele esteve de passagem na boa e velha Franca do Imperador.


Foi no dia 9 de julho de 1865, portanto, que toda a comitiva que acompanhava o Visconde alcançou a cidade. Nas palavras de Taunay: "A cidade da Franca do Imperador acha-se [...] n'um bonito local, constituído por um chapadão que vai descambando para os dois córregos que limitam a leste e oeste". A estadia da comitiva durou exatos 3 dias, tendo saído do município às 9 horas e 20 minutos do dia 12 de julho.


Dentre as leituras que o engenheiro fez da cidade, destacou alguns elementos. O primeiro, dizia respeito à situação penosa que viviam os habitantes em função de uma economia decadente e ainda muito atrasada sob a perspectiva da lavoura. A segunda, dizia respeito a deficiente distribuição de justiça e, principalmente, ao desrespeito às autoridades. A terceira, contudo, apontava para Franca como uma vila onde o potencial diamantífero poderia ser o grande instrumento para reverter o quadro exposto anteriormente. Taunay atribui isso à recente descoberta do mineral no Garimpo das Canoas (Claraval), às margens do Rio das Canoas.


Ressaltou ainda que nesse momento o único edifício de vulto da cidade ainda estava inconcluso. Referia-se à Cadeia, que à época ainda era feita de pau a pique. Por fim, destacou a existência da antiga matriz Nossa Senhora da Conceição, ainda que tenha apontado irregularidades na edificação.

Taunay nos permite um olhar descritivo de Franca e, mais do que isso, de alguém de fora que não possui compromissos diretos com as autoridades locais — o que nos leva a crer que embora seja muito ácido, retrate bem as condições da cidade. Franca foi importante para o Estado de São Paulo à mesma medida que continua sendo. Portanto, quando quiser entender o presente, pergunte-se: e o passado?


Matheus Fernandes é Historiador, Representante de Franca no Sistema Estadual de Museus de São Paulo e Colunista do Jornal Diário Verdade

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