O Trabalhismo de Gosuen
- Matheus Fernandes
- 30 de jul. de 2019
- 2 min de leitura

O professor Agnaldo Barbosa, em seu livro 'Política e Modernização em Franca: 1945-1964', caracteriza o período vivenciado pela cidade entre o fim da II Guerra Mundial e o início da ditadura militar como um tempo onde prevaleceu a hegemonia política dos partidos ditos 'trabalhistas'. Partidos esses que inovaram em certo sentido: a inserção dos trabalhadores, ainda que apenas no campo do discurso. Em Franca, seria o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e o PTN (Partido Trabalhista Nacional) a se revezarem no poder ao longo de 19 anos.
Diversos foram os players de cada partido que integraram a vida política francana no período. Todavia, o artigo dessa semana irá se debruçar especificamente sobre uma delas: Onofre Sebastião Gosuen.

Gosuen era um político francano filiado ao Partido Trabalhista Nacional e que recebeu a honraria de administrar o município entre os anos de 1956 e 1959. Tinha por objetivo transformar Franca em um centro cultural e, para isso, estimulou a criação de polos de estudo na cidade.
Foi durante sua gestão que foi apresentado à cidade a Lei n° 653 de 8 de agosto de 1957, lei municipal que dispunha sobre a criação da famosa Faculdade de Direito de Franca. Entretanto, não chegou a completar seu mandato em razão de sua vitória como deputado estadual da ALESP.
Com sua saída, em março de 1959, quem assumiu a gestão municipal foi o vice-prefeito, Abílio de Andrade Nogueira. Ao se instalar na ALESP, Gosuen, embora distante, continuou estimulado em desenvolver o polo educacional do município.
Enquanto deputado foi autor: do projeto de lei n° 1.861 de 1963, que cria a Orquestra Sinfônica de Franca; do projeto de lei n° 2.043 de 1963, que cria a Faculdade de Engenharia Industrial de Franca; e, por fim, do projeto de lei n° 833 de 1959, que criou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras — a atual UNESP.
Gosuen faleceu em junho de 2016, aos 92 anos. Sua ida representou a perda da memória viva de um período importantíssimo para a consolidação da cidade de Franca. Viveu, durante seus anos de atuação política, a fixação da hegemonia 'trabalhista' e fez dela seu instrumento para recapitular a história do município. Em que pese as críticas do trabalhismo nunca ter constituído uma práxis política voltada e pensada por trabalhadores, sua contribuição pessoal à história local é inegável.
Matheus Fernandes é Historiador, Representante de Franca no Sistema Estadual de Museus de São Paulo e Colunista do Jornal Diário Verdade
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