Miramontes, a história do berço de Franca
- Matheus Fernandes
- 5 de fev. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de fev. de 2019

O Miramontes é um bairro que localiza-se ao Norte da cidade de Franca, construído ao longo da antiga rodovia Franca-Cristais Paulistas — hoje denominada de Av. Monteiro Lobato. A história do nome do bairro é interessante, como lembra Chafikk Felipe: "Miramontes foi o nome sugerido pelo professor João de Araújo Malheiros e aprovado na Câmara Municipal em contraposição à proposta de chamar-se 'Covas'. Isto pois era um nome remetia aos pousos do ciclo da mineração, como outrora ficou conhecido". Tal nome remete aos suaves acidentes geográficos da região e, traz consigo, a lembrança dos admiráveis montes do Garimpo do Canoas — atualmente conhecido como Claraval. Visão que só era possível ao alcançar do topo da colina do planalto francano.
Estevam Leão Bourroul, chegou a registrar que no princípio da fundação de Franca, a opção por instalar-se no lugar chamado 'Covas' pareceu bem interessante diante do enorme atrativo da localidade. Inclusive, chegaram até a construir uma capelinha para que o povoado surgisse em torno dela. Contudo, por conta da dificuldade de acesso à água, acabaram mudando-se para onde não faltasse água — é justamente em função desse processo que se convencionou que o Miramontes precedia o próprio núcleo central.
Já na segunda metade do século XIX, o já se encontrava uma quantidade considerável de moradores no bairros — os registros históricos apontam que ali residiam 34 pessoas cuja ocupação, idade, renda e filiação eram conhecidas. Com a chegada da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, em 1887, esse número cresceu. Afinal, em pouco mais de um ano após as instalações, os trilhos já passavam ao lado da Capelinha e do Cemitério — a primeira capela de Franca, conhecida à época como Capela de Santa Cruz das Covas.
Com toda essa dinamicidade proporcionada pela Mogiana, o Miramontes entra no século XX como um dos mais relevantes quarteirões do município — à época Franca possuía 23 quarteirões, como: Santa Efigênia, Largo do Carmo, Largo da Alegria e assim por diante. A população cresce, as ofertas de emprego aparecem e, consequentemente, vemos as instituições do bairro assumirem outro papel. Já em meados de 1933, a comunidade do Miramontes inicia, com aprovação eclesiástica, a construção de uma nova igreja para o bairro — a igreja atualmente conhecida como Capela Santa Cruz.
Vinte anos mais tarde, em 1952, o sr. Batista Spirandelli cria a linha de ônibus que ligava Franca à Jeriquara por meio do Miramontes, o que somado a linha com Pedregulho e Uberaba, colocava o bairro no centro do desenvolvimento urbano de Franca. E, a prova disso é a verificação da expansão imobiliária que estaria por vir em todo o seu entorno. Como é o caso do loteamento da propriedade de Bernardino Pucci, que viria ser o Campo Belo ou mesmo o caso do loteamento da antiga fazenda do dr. Orlik Luz que daria lugar ao bairro City Petrópolis.
Dessa maneira, é interessante perceber a relevância do Miramontes, tanto para o surgimento da província de Franca, como para o próprio desenvolvimento do município. Isto é, o local que abrigou os 'entrantes' do ouro por meio de seus pousos, passando pela região integrante da rota do sal, é o mesmo lugar que possibilitou a primeira instalação pré urbana da cidade. E, para além disso, permitiu também que outras instalações de seu entorno pudessem se transformar em bairros importantes do município ao longo do século XX.
Matheus Fernandes é Historiador, Representante de Franca no Sistema Estadual de Museus de São Paulo e Colunista do Jornal Diário Verdade
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