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Ponte dos Peixotos: primeiros passos da integração regional

  • Foto do escritor: Matheus Fernandes
    Matheus Fernandes
  • 2 de mai. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 30 de jul. de 2019


Foto aérea da Ponte dos Peixotos, 2018 - ECOPLANS

Este artigo inicia uma outra série histórica no Francamente. Dessa vez, mirando não só a cidade de Franca, mas somando isso ao fato de que muitos dos bens da nossa região — tombados ou não —, dizem respeito à elementos constitutivos comuns para toda a Alta Mogiana.


Dito isso, a temática que inaugura essa discussão aqui na coluna é o surgimento e o papel exercido pela Ponte dos Peixotos — em Ibiraci, Minas Gerais — no Sul de Minas e, especialmente, no Nordeste do Estado de São Paulo.

No longínquo maio de 1902, a família Peixoto teria percebido uma enorme demanda do Sul mineiro, em especial de Ibiraci — à época vinculada ao Distrito de Cássia — , quanto à infraestrutura. Naquele período, a única forma de escoar a mercadoria proveniente do norte de Minas e do Centro-Oeste brasileiro ao sudeste e, em especial São Paulo, era por meio do Porto da Joana.


A ponte fora construída após a fundação da Companhia da Ponte do Rio Grande — pelos irmãos peixoto — e inaugurada em meados de 1914. O projeto em si não era muito elaborado em termos técnicos — era constituído de 6 pilares unidos por um tablado em madeira. Entretanto, o que merece a nossa atenção, é a condição na qual a construção se viabilizou.

Se prestarmos atenção, em idos da década de 10 no Brasil, poucas eram as tecnologias que dispunham os construtores para unir duas margens de rios. Sobretudo se tratando do Rio Grande — que faz corta o São Paulo e Minas Gerais —, um rio com grande fluxo de águas e que impossibilitava qualquer chance de ser desviado.


Ou seja, a construção da Ponte dos Peixotos, além de marcar um momento em que as linhas comerciais que ligavam o interior do Brasil ao resto do mundo — pela conexão do Porto de Santos —, marca algo que a história constantemente nega ou se omite em registrar e debater: a proliferação de grandes obras e técnicas no interior do Brasil.


Imaginem vocês que, em 1914, uma ponte que corta um dos maiores e mais importantes rios do Estado de São Paulo — inclusive dando nome à nossa bacia hidrográfica, hoje chamada de Sapucaí-Mirim-Grande — foi construída sem que houvesse o desvio completo do curso d'água, isto é, utilizando-se de uma técnica que por meio de desvios pontuais eram fixados os pilares.


O papel desempenhado pela ponte, durante seu surgimento até pouco depois da primeira enchente que a destruiu — em 1929 —, teve forte relação com o transporte de gado. Há que se dizer que as literaturas divergem quanto ao destino dessa carne — alguns dizem que seria para abastecer o mercado europeu fragilizado no pós guerra, outros que a carne era majoritariamente para o consumo dos grande centros.



De qualquer maneira, a condição de patrimônio histórico — tanto por sua relevância e participação nos processos econômicos da região, quanto pelo marco que a ponte significa em termos de técnica e edificação — é inegável, tanto que em idos de 2008 fora tombada pelo IEPHA-MG.

Minha intenção com este primeiro artigo, portanto, é reconduzir nosso olhar para todos os elementos constitutivos daquilo que nos insere e explica o mundo a nosso redor. Melhor dizendo, tudo aquilo que nos acalenta a memória e nos explica algumas questões da ordem do dia. Se você gostou, aproveita e dá um pulo na Ponte dos Peixotos para ver como ela está!



Matheus Fernandes é Historiador, Representante de Franca no Sistema Estadual de Museus de São Paulo e Colunista do Jornal Diário Verdade

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